Inteligência artificial ajuda a descobrir antibiótico promissor contra superbactérias

Uma molécula identificada por IA pode representar uma nova era no combate à resistência bacteriana

Inteligência artificial ajuda a descobrir antibiótico promissor contra superbactérias

Em um avanço histórico para a medicina moderna, cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) utilizaram inteligência artificial para descobrir um novo antibiótico, batizado de halicina, capaz de matar até mesmo bactérias altamente resistentes a tratamentos convencionais. A descoberta, publicada em 2020 na revista Cell, marca um ponto de virada no uso da inteligência artificial na pesquisa biomédica. A molécula havia passado despercebida em buscas tradicionais, mas foi detectada por um algoritmo de aprendizado profundo treinado para identificar compostos com fortes propriedades antimicrobianas.

A halicina demonstrou ser eficaz contra uma ampla gama de patógenos, incluindo cepas de Clostridium difficile, Acinetobacter baumannii e Mycobacterium tuberculosis, algumas das quais consideradas ameaças críticas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) devido à sua resistência crescente a antibióticos existentes. Um dos aspectos mais surpreendentes da descoberta é que a halicina possui uma estrutura química completamente diferente da dos antibióticos atuais, o que aumenta suas chances de ser eficaz mesmo contra microrganismos que desenvolveram múltiplas formas de resistência.

“A nossa abordagem permitiu encontrar um antibiótico com propriedades realmente únicas, em um tempo muito menor do que os métodos tradicionais”, afirmou James Collins, um dos autores do estudo e professor do MIT.

Além da descoberta em si, o uso da IA representa uma mudança de paradigma na forma como novos medicamentos podem ser encontrados. O algoritmo utilizado no estudo analisou mais de 100 milhões de compostos químicos virtuais e priorizou aqueles com maior potencial terapêutico e menor toxicidade. A halicina ainda está em fase de testes laboratoriais e pré-clínicos, mas os resultados até agora são promissores. Caso se confirme sua eficácia e segurança em humanos, ela poderá se tornar um dos primeiros antibióticos completamente novos aprovados nas últimas décadas — um feito crucial em um momento em que o mundo enfrenta uma crescente crise de resistência antimicrobiana.

A descoberta reacende as esperanças de que tecnologias como a inteligência artificial possam acelerar a pesquisa científica e oferecer soluções eficazes para os desafios mais urgentes da saúde pública global.

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