Participação de funcionários no corte de gastos é vital para a viabilidade da empresa, diz diretor dos Correios

Participação de funcionários no corte de gastos é vital para a viabilidade da empresa, diz diretor dos Correios

Diretor dos Correios diz que participação dos funcionários é vital para a sobrevivência da empresa

Em meio a uma grave crise financeira, a direção dos Correios afirmou que a colaboração dos funcionários no plano de corte de gastos é essencial para garantir a viabilidade da estatal. O diretor de Gestão de Pessoas, Getúlio Marques Ferreira, enviou um ofício a todas as áreas destacando que as medidas são necessárias para adequar a empresa à sua realidade atual.

A meta é economizar cerca de R$ 1,5 bilhão até o fim deste ano. No documento, Ferreira reforça que as ações buscam assegurar a sustentabilidade dos Correios, que enfrentam um prejuízo acumulado de R$ 2,6 bilhões.

Entre as principais medidas está a proposta de redução da jornada de trabalho. A ideia é diminuir de 8 para 6 horas diárias, passando de 44 para 34 horas semanais. Para quem aceitar, o corte no salário pode chegar a quase 30%.

Outra decisão que afetou diretamente os trabalhadores foi a suspensão temporária das férias para quem tem o período aquisitivo de 2024/2025. O comunicado interno alerta que passagens já compradas e hospedagens confirmadas não serão reembolsadas. A exceção será para quem tiver comprovado, até 12 de maio de 2025, que já havia programado férias a partir de 1º de junho.

Já os empregados que têm férias relativas ao período aquisitivo de 2023/2024 não serão afetados pela medida. Os que quiserem manter as férias precisarão solicitar uma análise de “excepcionalidade”.

Além disso, os Correios anunciaram a prorrogação do Programa de Desligamento Voluntário (PDV) até 18 de maio, e a convocação de todos os funcionários para o retorno ao trabalho presencial a partir de 23 de junho, salvo quem tiver proteção judicial.

Outras ações incluem a revisão da estrutura administrativa com a meta de cortar ao menos 20% dos cargos comissionados, o lançamento de um marketplace próprio ainda este ano e a renegociação do plano de saúde com as representações sindicais, o que pode gerar uma economia de até 30%.

A empresa também espera captar R$ 3,8 bilhões junto ao New Development Bank (NDB) para investimentos internos.

Na tentativa de reverter o prejuízo, os Correios vão adotar ainda medidas como o compartilhamento de unidades operacionais, a venda de imóveis ociosos, a otimização da malha logística e a revisão de contratos.

O objetivo é reduzir custos e também aumentar a receita em R$ 3,1 bilhões por meio da expansão no segmento internacional, de encomendas e de novos negócios voltados ao setor público e ao varejo.

As medidas, porém, enfrentam resistência de sindicatos. A Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect) enviou carta ao presidente da estatal, Fabiano Silva, pedindo a suspensão das ações que impactam diretamente os empregados.

A entidade considera válida a proposta de redução da jornada, mas cobra um compromisso formal de que quem optar por essa medida poderá retornar à carga horária anterior a qualquer momento, mediante simples solicitação.

Sobre o PDV, o sindicato também defende que a empresa convoque os aprovados no último concurso antes de efetivar os desligamentos, evitando assim um déficit de pessoal.

Em relação à suspensão das férias, a Findect manifestou preocupação com o impacto na vida dos trabalhadores, principalmente aqueles que só podem viajar durante o recesso escolar dos filhos. A federação pede que nenhuma solicitação de manutenção de férias seja negada sem diálogo prévio com as entidades representativas.

Enquanto busca reequilibrar suas contas, os Correios também investem em tecnologia para reforçar a segurança e combater a entrada de drogas em encomendas internacionais.

O pacote de medidas, embora polêmico, é visto pela direção como fundamental para manter a empresa funcionando e evitar que a crise financeira se aprofunde ainda mais.

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