MST realizou 23 ocupações rurais desde abril e mantém mobilização por novas ações

Desde o início de abril, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou 23 ocupações de propriedades rurais em diferentes regiões do país, além de ações em secretarias de Agricultura e em uma fazenda experimental vinculada a uma universidade. As mobilizações fizeram parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, tradicionalmente conhecida como Abril Vermelho, que se estendeu até o dia 17 daquele mês, mas cujos efeitos e desdobramentos seguem repercutindo até junho.

MST realizou 23 ocupações rurais desde abril e mantém mobilização por novas ações
MST / Reprodução da Internet

Ao longo das últimas semanas, o movimento manteve o ritmo acelerado de mobilizações, com uma média de 2,5 ações por dia durante o auge do Abril Vermelho. Em nota divulgada no período, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) destacou sua preocupação com o que considera um ambiente de instabilidade no campo, agravado, segundo a bancada, pela “postura permissiva do governo federal diante das pressões políticas exercidas por esses movimentos”. A FPA ainda alertou para riscos à segurança jurídica, à integridade física e patrimonial de produtores rurais e de suas famílias.

As ocupações ocorreram em estados como Pará, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Goiás, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Em Pernambuco, o movimento realizou algumas das maiores ações. No dia 5 de abril, milhares de integrantes ocuparam a Companhia Agroindustrial de Goiana (Caig), conhecida como Usina Santa Teresa, no extremo norte do estado, área produtora de álcool e açúcar reivindicada pelo MST para fins de reforma agrária.

Na mesma data, centenas de pessoas ocuparam a Fazenda Galdino, de 500 hectares, em Riacho das Almas. Ainda naquela noite, a Fazenda Barra da Ribeira, com 400 hectares, situada entre Águas Belas e Iati, também foi tomada pelo movimento.

As ações continuaram no dia seguinte, com a ocupação da Fazenda CopaFruit, em Petrolina, uma propriedade de 500 hectares que está em fase de desapropriação e que o MST busca evitar que seja leiloada. No mesmo dia, cerca de mil integrantes invadiram a Fazenda Boi Caju, em Tacaratu, e posteriormente a Fazenda Mandioca, nas cidades de Altinho e Ibirajuba, no Agreste Central.

Ainda na manhã daquele domingo, a Fazenda Brasil, localizada na região serrana de Gravatá, também foi alvo do movimento. Gravatá já possui outros seis assentamentos vinculados ao MST. No dia 7, as ações se estenderam para duas importantes usinas: Nossa Senhora do Carmo, no município de Pombos, e Santa Pânfila, fundada em 1918. Segundo o movimento, ambas são consideradas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) como áreas com potencial para reforma agrária, mas ainda sem processos efetivos de destinação.

Embora o calendário do Abril Vermelho tenha se encerrado há semanas, o MST segue mobilizado, afirmando que continuará promovendo novas ações ao longo dos próximos meses como forma de pressionar o poder público pela aceleração da reforma agrária e pela destinação de terras consideradas improdutivas. A expectativa é que as ocupações e protestos continuem a ocorrer, mantendo o tema no centro do debate político e social neste início de junho.

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