O uso da amônia e outras práticas pouco conhecidas da Roma Antiga
14 de maio de 2025 — Pode parecer absurdo hoje, mas durante o Império Romano, a urina era um item valioso — a ponto de ser coletada em recipientes públicos e usada como agente de limpeza. Um dos usos mais curiosos era na lavanderia: sim, os antigos romanos lavavam roupas com urina.

O motivo está na composição química do líquido. A urina humana, ao ficar armazenada por algum tempo, entra em decomposição e libera amônia, um poderoso agente de limpeza que ajuda a remover manchas de gordura e sujeira. Os romanos não sabiam disso em termos científicos, mas sabiam que funcionava.
Lavanderias públicas e impostos sobre urina
As roupas eram lavadas em locais chamados “fullonicae”, espécie de lavanderias públicas da época. Trabalhadores mergulhavam os tecidos em tanques com água e urina envelhecida, e pisoteavam as roupas com os pés, como se estivessem amassando uvas.
A prática era tão comum que o imperador Vespasiano chegou a criar um imposto sobre a coleta de urina, cobrando dos que a reutilizavam para fins comerciais — o que gerou, inclusive, o famoso ditado latino “Pecunia non olet” (“dinheiro não tem cheiro”), usado até hoje para falar de lucros vindos de fontes moralmente duvidosas.

A urina também era usada em outros contextos: no tratamento de couro, na limpeza de objetos metálicos e até em cuidados pessoais, como clareamento dos dentes — outra prática comum e, hoje, inimaginável.
O uso da urina como produto de limpeza pode causar estranhamento nos dias atuais, mas revela a engenhosidade (e a falta de alternativas) de uma civilização que buscava soluções práticas para seu cotidiano — mesmo que envolvessem práticas que hoje consideraríamos repulsivas.