A vez em que Salvador Dalí cobrou por autógrafos em folhas em branco

A vez em que Salvador Dalí cobrou por autógrafos em folhas em branco

E como isso virou combustível para falsificações no mundo da arte

14 de maio de 2025 — Salvador Dalí sempre foi lembrado por sua genialidade artística e por seu comportamento excêntrico. Mas um episódio pouco conhecido da sua trajetória mostra até onde ele levou essa combinação: nos anos 1970, Dalí passou a cobrar para assinar folhas de papel em branco. Isso mesmo — ele não desenhava nada, apenas deixava sua assinatura.

O gesto, que poderia ser visto como uma provocação ao mercado de arte, acabou tendo consequências inesperadas. Muitas dessas folhas foram posteriormente usadas para criar obras falsas, vendidas como se fossem originais de Dalí. A assinatura era verdadeira, mas o desenho, não.

Quando a assinatura vira negócio (e problema)

A prática, segundo especialistas, se intensificou no fim da vida do artista. Estima-se que Dalí tenha assinado mais de 30 mil folhas em branco, muitas das quais caíram nas mãos de falsificadores. Bastava inserir uma gravura ou pintura qualquer e revendê-la com a “autenticidade” da assinatura original.

A vez em que Salvador Dalí cobrou por autógrafos em folhas em branco

Hoje, críticos e colecionadores enfrentam uma verdadeira confusão: há tantos “Dalís” no mercado que alguns acreditam que existam mais falsificações do que obras autênticas. O próprio artista teria dito, com seu típico humor ácido, que um dia sua assinatura seria mais valiosa do que suas pinturas.

O episódio levanta um debate que ainda ecoa no mundo da arte: até que ponto a fama e a assinatura de um artista podem ser separadas de sua obra? No caso de Dalí, talvez essa distinção nunca tenha existido.

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